quarta-feira, 30 de maio de 2007

Carta Aberta

Estava hoje nos correios na USP quando recebi um panfleto que continha uma carta aberta da Assembléia da ADUSP. O teor da carta é o seguinte:
Os professores da USP vêm a público informar que estão em greve desde 23 de maio pelos seguintes motivos:
- contra os decretos do governo Serra e em defesa da autonomia universitária;
- pelos direitos previdenciários atacados pelo Projeto de Lei Complementar 30;
- por mais recursos para a educação na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em tramitação na Assembléia Legislativa;
- pela campanha salarial da data-base;
- por condições de permanência dos estudantes na universidade;
- pela reabertura de negociações, por parte da administração da USP, com os estudantes que ocupam o prédio da reitoria, repudiando qualquer uso de força policial.

Os decretos do governador atacam a autonomia universitária, entre outros, pelos seguintes aspectos:
- impedem que a aplicação dos recursos seja realizada de acordo com decisões das instâncias universitárias, ficando dependente da aprovação do poder executivo (decreto 51.636 de 2007);
- suspendem a realização de concursos e a contratação de pessoal (decreto 51.471 de 2007);
- interferem na gestão salarial das universidades por meio da criação de uma Comissão de Política Salarial diretamente subordinada ao governador do Estado (decreto 51.660 de 2007).

Além disso, os Decretos 51.460 e 51.461, fragmentam o sistema de ensino superior paulista ao subordinarem as universidades à Secretaria de Ensino Superior e as Fatecs e a Fapesp à Secretaria de Desenvolvimento.
Tais decretos asfixiam as funções vitais da universidade pública, uma vez que restringem o uso das verbas orçamentárias, afetam a política de recursos humanos, prejudicando assim o ensino, a pesquisa e a extensão. Desta forma, atacam a autonomia das universidades em seu papel de gerar conhecimentos livremente, analisar e propor políticas públicas e apontar direções para uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.
É necessário deixar claro que defendemos que as universidades públicas estaduais prestem contas à sociedade sobre seus gastos, da forma mais ampla e transparente possível. Entretanto, a participação no SIAFEM (Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios) não pode ser pretexto para constrangimentos na autonomia de gestão orçamentária das universidades.
Estranha-se, pois, que até começos de maio a reitoria da USP tenha feito eco às várias declarações do governo de que não havia ameaça alguma à autonomia universitária. Buscando, responder à mobilização mais intensa de estudantes, funcionários e docentes das universidades estaduais, os Secretários de Estado da Fazenda e de Gestão Pública emitiram ofícios que, embora indiquem um recuo do governo, não têm força de lei ou decreto.
O momento é grave e espera-se de todos uma postura de defesa da autonomia universitária. em particular, das reitorias espera-se independência e não subserviência ao executivo estadual.

Assembléia da Adusp - S. Sind.
São Paulo, 25 de maio de 2007

Mantenha-se informado através da internet (www.adusp.org.br) e participe das atividades da greve.


Ato Público no Palácio dos Bandeirantes 31 de maio, 14h

domingo, 27 de maio de 2007

Leitura 7 da disciplina EDM 5015

Hoje li o texto "Uma metodologia de pesquisa para estudar os processos de ensino e aprendizagem em salas de aula". Este texto trata das metodologias empregadas pelo grupo de pesquisa no LaPEF - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Física, coordenados pela Profa. Dra. Anna Maria Pessoa de Carvalho.

Considerações:
Sabendo "que existe uma compatibilidade indissolúvel entre o problema, o referencial teórico sobre o qual esse problema é entendido e a metodologia utilizada para resolvê-lo" (p. 14), a profa. Anna Maria apresenta a evolução dos problemas estudados pelo LaPEF, os referenciais teóricos que serviram de suporte e a metodologia de pesquisa para o estudo dos processos de ensino e aprendizagem em sala de aula.

Os problemas de pesquisa: evolução teórico-metodológica
Nos anos 80 a preocupação do grupo esteve centrada no nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos obtidos por meio de testes piagetianos. A metodologia aplicada para a coleta de dados era por meio do detalhamento do trabalho do professor em sala de aula e das atividades escritas dos alunos - trabalhos, provas e/ou entrevistas.
No início da década de 90 começou uma segunda fase do grupo agora direcionando suas pesquisas para a área de mudança conceitual, dos estudos sobre o papel da história da ciência no ensino e, à metodologia de resolução de problemas. A metodologia também se modificou e foram introduzidas as gravações em vídeo.
Nesta nova década (2000-2010) novas questões estão surgindo envolvendo a enculturação científica no ensino das ciências. Uma das questões que me atrai particularmente enquanto doutoranda é de saber "quais as atividades (condições de ensino) que possibilitam as argumentações dos alunos?" (p. 21).
Sobre a argumentação em sala de aula apresentarei, posteriormente, alguns textos já lidos.

A metodologia das pesquisas que procuram estudar os processos de ensino e de aprendizagem em sala de aula
"Estas pesquisas deverão obedecer a um delineamento do tipo qualitativo, uma vez que irão interpretar a fala, a escrita, os gestos e ações dos professores e alunos durante as aulas." (p. 24).

Características principais da pesquisa em ensino:
- têm o ambiente natural da sala de aula como sua fonte direta de dados;
- os dados são coletados predominantemente em vídeo, sendo esse o instrumento principal;
- a preocupação com o processo é tão importante como o produto (aprendizagem pelos alunos do conteúdo ensinado);
- as hipóteses são pensadas e estruturadas para orientar o olhar do pesquisador sobre o objeto investigado;
- triangular os dados (procurar outras fontes) para validar as análises.

Cuidados necessários nas gravações em vídeo das aulas
- O planejamento da filmagem;
- registro em vídeo da aula completa e se possível de toda uma seqüência de aulas;
- Questões éticas: discutir com o professor colaborador os objetivos da pesquisa; pedir autorização por escrito dos pais dos alunos;
- fazer uma cópia dos vídeos gravados (em DVD) para serem utilizados como dados de pesquisa.

Como transformar as gravações das aulas em dados para as pesquisas
- o referencial teórico deve estar bem fundamentado para tirar os dados;
- selecionar os "episódios de ensino" - "momentos extraídos de uma aula, onde fica evidente uma situação que queremos investigar" (p. 33) e suas cenas;
- fazer uma 1a. tentativa de classificaçào destes episódios;
- fidedignidade dos dados - em algum ponto da análise dos episódios estes devem ser apresentados a um grupo de discussão ou para uma série de juízes com o objetivo de uma maior precisão dos dados obtidos.

Transcrição dos dados
- devem ser totalmente fiéis às falas a que correspondem;
- mudanças apenas para concordância plural/singular, masculino/feminino na fala do professor;
- utilização de sinais para expressar informações sobre entonação, pausas, humor etc.;
- devem aparecer integralmente no relatório final.